segunda-feira, 28 de abril de 2008

O Choro dos Bebês

Nesse momento o choro seca e a dor é tão forte que não é mais sentida. Através da janela de meu quarto foge um suspiro meu e por toda rua uma estranha felicidade é despejada pelo ar. Todas as bocas então sorriem seu mais belo sorriso. A mão que antes batia agora acaricia e o dedo que acusava e culpava agora convida para um doce beijo. Beijo bonito. De adolescente, de namorados que se encontram escondidos durante a missa. Beijo que filha querida dá no pai quando chega de noite do trabalho. Beijo imerso em felicidade. E essa felicidade se multiplica.
Crianças correm de mãos dadas, gritando e tropeçando. Caindo e levantando alegres porque não se machucaram e podem continuar brincando até amanhecer. Não há castigo. Não há medo. O ladrão desistiu de roubar e o matador perdeu sua arma porque já não sabe mais usá-la. Que essa alegria se multiplique e faça com que a moça que está adoecida, deitada em sua cama, pule de repente e comece a dançar de mãos dadas com sua mãe, então espantada, mas feliz. Os cachorros não mordem nem latem tão alto, apenas deitam no chão e rolam sem parar, tentando fugir das cócegas e das brincadeiras da menina que chorava por seu cachorrinho perdido, agora não mais perdido, mas sim encontrado por outra família. Família de americanos, latinos e baianos que se também se encontraram e se amaram. E esses encontros se multiplicam.
Mães não choram, mas sorriem emocionadas ao reencontrarem seus filhos que foram trabalhar longe e agora estão férias, de volta às suas cidades natais com toda a família. Pais ensinam seus filhos a pescarem, mesmo que esses continuem sem querer aprender e para desespero de seus pais só queiram saber de pular na água e nadar. Nadar até o rio não terminar mais e se tornar mar. Navegar até o mar não terminar de afundar e se tornar o oceano. Sonhar até o oceano encontrar o sol e se tornar horizonte. E seguindo por esse horizonte, vão de um país a outro, risadas de crianças e palavras de bebês que ninguém consegue entender, mas todos acham lindas. Ninguém os entende de fato. Mas compreendem. Não com os ouvidos, mas com o coração. Porque é em seu coração que aquela criança que um dia você foi, que corria, caía e se levantava para continuar brincando, hoje brinca. E você nem a ouve mais. A língua que os bebês falam é tão linda. Eles têm, a cada dia, mais cara de joelho e parecem que nunca vão crescer. E isso os torna mais lindos e chorões ainda. O choro de um bebê é a felicidade da mãe, pois seu filho a está chamando para perto. Que todos os homens chorem feito bebê e tragam as mulheres que amam cada vez mais para perto de si.
Não haverá mais distância. Todos estarão tão juntos que não precisarão mais gritar para serem ouvidos. Todos estarão tão próximos que até mesmo você, princesa de meu reino, isolada em seu castelo de mil muralhas que construiu para se esconder de meu amor, poderá sentir uma pequena coceirinha, na ponta de seu lábio, e sorrir sem se dar conta.
É o mundo que sorri, é o choro que alegra. É a dor que passa e a felicidade que chega de repente se instalando em seu coração, são as mãos que se cumprimentam e não se soltam mais. É o rio-mar-oceano no horizonte. É todo o planeta sussurrando que te ama. Consegue ouvi-lo?
São os pedaços de meu coração que está partido e deixou meu amor por ti se espalhar por aí.
Ai de mim, que tinha um coração tão frágil que não conseguiu suportar tamanho amor. Ai de mim, B.


Por Grecco Moralles...

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