Sentado em um banquinho à beira do mar, contemplo este. Imenso. Inspirador. Profundo. O mar. Testemunha (viva) de tantos amores e tantos sofrimentos. Talvez de onde todos tenhamos vindo e para onde iremos um dia. O mar. É bom admirá-lo. Ao mesmo tempo é atormentador. Escritor que sou, sinto-me obrigado a aproveitar o que esta vista tão rica me faz pensar. Aproveitar e passar para o papel. Começo então a olhá-lo com mais atenção em busca de um início. Tão inspirador é. Tanto a oferecer possui.Em teu leito manso repouso meu curioso olhar
E busco teus segredos mais profundos (pois assim o és),
Por palavras tentar revelar, mas tuas vagas os escondem
Trazem meros sussurros de sua vida de encontro à areia
Para tão logo após a encontrar, desaparecem. Egoístas.
Como posso, Mar, encontrar em ti o que em vida não enxergo?
O sol, quando teu leito encontra, mar
Toca tuas frias águas e te faz ferver a superfície.
Lenda de marinheiro, sonho de criança
Navegar até teu limite e ver
Para onde o sol vai quando tu o cobres por inteiro.
Onde está agora?
Sentado em um banquinho de praia, no calçadão à beira-mar, o mar opõe-se a meus pensamentos e olha dentro de meu coração. -Quem é você?- Pergunta ele. –Um louco que busca inspiração em ti.– E suas ondas riem-se de mim infinitamente. Mostram seus dentes abertamente e cobrem-me de vergonha. Não tenho mais vida para desfrutar o mar. Apenas olhos para admirá-lo.
Duas crianças tomam minha atenção, correndo em direção ao mar. Dois garotos. Mesmo vestidos, brincam com a água e com as ondas que cobrem seus pés. E seguem assim correndo por toda a praia. Divertem-se tanto. Todo o mar parece divertir-se com eles.
Eu apenas olho. Perdi muito tempo pensando.
-Em que praia deixei minha vida?- Pergunto-me.
Suspiro e apanho meu lápis caído ao chão.
Grecco Moralles

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