quinta-feira, 13 de março de 2008

Sombras


As horas passam...
O tempo se esvai... não vem.
O que vem é a sensação incômoda
Da falta que faz aquilo que não há
Faz sentir um vazio opaco, triste
Uma ausência que preenche
Todo o espaço seco
Que nos cantos sombrios
De minhas amargas lembranças
Há...
As horas passam


Ao acordar, a sensação aparentemente confortável de seu leito é imediatamente substituída pelo manto frio da solidão. Há no ar um peso constante e inquisidor, mas não de culpa, não acusador. Perseguidor. Como um cão de caça que não se cansa nem hesita enquanto não tiver em seus dentes a presa. Prêmio para seu dono. Assim como o cão, o ar, antes por ele inspirado, agora o perseguia. O castigava. Que segurança poderia haver em viver?
Sua casa não mais o acolhia. Não mais guardava as lembranças dos bons tempos de sua aurora. Era agora seu cárcere. Masmorra putrefata e lodosa, infestada de ratos e morcegos. Ambos carnívoros de sua carne, corpo dolorido de solidão e desprazer. Sua casa era seu algoz. Frio e paciente. E o dia mal começara.
As horas passam. As dúvidas ficam e o tempo as fortalecia. Que sensação incômoda o tragava para um profundo mar. O medo. Essa doença da alma que empobrece a nobreza dos homens e pulsa vagas de ar para o coração. Como a presa, manchada pelo disparo da espingarda, foge mortalmente do cão feroz que agora a persegue, foge pela vida, pelo medo, ele também debate-se desesperadamente tentando fugir do vazio silencioso do mar que o suprime. O mar inquisidor que é agora o medo em sua alma.

(Continua...)


Grecco Moralles

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